quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Tempos de incertezas

Vivendo em um tempo de incertezas, estamos sempre em um devir absoluto. Percebo o quanto deixamos de viver na procura de novas formas de burlar o medo. Temos medo de tudo, mas o que mais me assusta é que a industria do medo vem se modernizando, tratando seus clientes com a mais sofisticada técnica de persuasão. Precisamos de ar para respirar e, para que isso possa acontecer em seu sentido pleno, temos que sair munidos de um arsenal de segurança. Carros blindados, coletes à prova de balas, seguranças treinados, rastreadores de GPS e, o mais importante, dinheiro no bolso.
Obviamente que toda essa segurança está apenas disponível para um setor da sociedade, uma sociedade que para atravessar um rio cheio de piranhas, joga os mais fracos para serem comidos e transformados em restos.
Parado em um farol no centro de São Paulo, aparece um jovem pedindo dinheiro para aliviar sua dor, dor física, pois o jovem tinha uma dilaceração na barriga, uma dilaceração que possibilitava de ganhar dinheiro, pode?
Naquele momento, reparei que aquele jovem arrecadou 2 reais. Digamos que arrecade no final do dia 20 ou 30 reais, não importa, o que vale para aquele jovem é o fato de que ele tem um meio de sobrevivência.
Vivemos em tempos de incertezas, tempos onde a medida de todas as coisas é a informação. Informação que controla a miséria, a riqueza e todo o poder político e tecnológico. Todos são necessários.
O que dizer deste mundo, onde dormimos e acordamos piores, com o caráter fragmentado, com varias incertezas; incerteza de que vamos comer no outro dia, de que vamos nascer para o capitalismo, incerteza de si próprio?
Em nossos cotidianos lidamos de varias maneiras com as incertezas, escolhemos o conformismo,o fatalismo e principalmente a fé.
Reduzimos tudo aquilo que podemos enxergar em simples frase curtas “é assim mesmo”, “o importante é que estamos vivos”, “fazer o que, né?”. Estamos cada vez mais sem perspectiva e não é porque o povo é que é mole ou não se esforça para tal. O fato é que reduzimos tudo a informações precisas, informações que devemos utilizar para sobrevivência. A mesma daquele jovem.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Filocracia e Passarela

Quando estou diante de um discurso filosófico, percebo o quanto as palavras se transformam em verdadeiras obras de arte, sendo proferidas com romantismo e eloquência.
O poder que a palavra exerce pode-se comparar com a modelo em uma passarela, desfilando sua beleza em uma andar quase flutuante, demonstrando sua habilidade de buscar os olhares tanto na ida, como na volta.
Quando estaremos prontos para o simples e a vida em si?

Andarilho


Quando começamos a dar os primeiros passos, desenvolvemos a partir daí um processo de amadurecimento da nossa sobrevivência, quando temos que brigar, competir e buscar nossa independência.


No inicio tudo parece estar ao nosso alcance, mas logo percebemos que estamos a uma distancia incomensurável, o que nos provoca uma sensação de impotência intelectual, nos tornando assim na maioria das vezes seres conceituais.


Quando desenvolvemos um conceito damos forma, delimitações a um determinado saber, criando um enquadrinhamento onde o que é luz esta dentro, e o que é obscuro esta a margem, desenvolvendo uma espécie de estagnação intelectual, não nos permitindo ver mais nada alem daquilo que já esta iluminado.


Quando sentimos ódio, amor, cólera, temor, vergonha, compaixão, indignação, paixão e inveja temos nem que seja por um breve instante uma visão de mundo diferente, saindo neste instante do enquadrinhamento onde o conceito já estabelecido perde suas defesas, nos possibilitando darmos uma espiada alem das delimitações.


Temos que aproveitar esses instantes de nossas vidas, para que no mínimo possamos aumentar nosso “Curral”. Essa seria então a verdadeira essência do andar, pois andamos com o nosso pensar e agir nos tornando assim um verdadeiro andarilho do conhecimento, sem metas e objetivos, apenas nos guiando pela nossa percepção tropeçando, caindo e levantando nesta eterna busca pelo desconhecido.